sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Lala: Tia Alice, quero leite.
Tia Alice: Acabou o leite Lala.
Lala: Não tem mais leite tia alice? Como é que a mamãe deixou? Mas eu tô crescendo.
Mamãe: Santi, não é para ir no chão, é para ficar perto da mamãe e papar direitinho.
Santi desobedece e Lala o dedura: Olha mãe, ele "iu".

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Quem diz o que quer...

Mamãe olhando para Lala de biquininho, pronta para ir para praia:
- Ai que linda a Lala!! Olha a barriguinha, que pançudinha...
Lala: - É igual a mamãe!
Risos gerais e mamãe com cara de boba.
(set/2007)

Dia de minha mãe

De: Luciana
Para: Maria Marlene

Querida mãezinha,
Há muito tempo que não nos vemos e a saudade tem sido uma constante nos últimos seis anos. Entendo perfeitamente que não pode estar aqui, mas é impossível não desejar que estivesse. Imagino que muita coisa tenha mudado para a senhora desde que o tempo deixou de ser tempo, a fome deixou de ser fome, o sono deixou de ser sono, o corpo deixou de ser corpo. Sua luz, por sua vez, deve estar mais intensa do que nunca. Ou pensa que não percebi como iluminou meu caminho nos primeiros e desesperados meses após sua partida? Por meses a fio me senti uma calçada esburacada do centro da cidade num domingo à noite. Arrebentada e abandonada. É terrível ser órfã. Nunca pedi piedade a ninguém, mas por muitas noites senti pena de mim mesma. Varei madrugadas inconsolável.
A última vez que nos tocamos acho que foi quando fui passar óleo de amêndoas nos seus pés inchados. Ai minha pequena, às vezes penso que poderia não ter arredado o pé daquele hospital, ter aproveitado mais nossos últimos momentos juntas. Se ao menos imaginasse a saudade tsunâmica que viria depois e que seria para sempre.
Bom mãe, sem lamentações aqui que não quero nos entristecer. (Tristeza não existe aí onde a senhora está né mãe?). É, não quero me entristecer. Lembra que nos despedimos horas depois de termos comemorado meus 30 anos? Pois hoje estou com 36. Se visse as raízes brancas de meus cabelos com certeza me daria uma bronca, diria que era desleixo. De resto mãe, acho que melhorei.
Sou mãe também, como já deve saber. E a senhora mãe, é avó não só de duas, mas de seis netos. Depois da Nati e da Gio vieram a Luiza, a Lala, o Santi e o Bruninho. Um mais adorável que o outro mãe, sem exageros. Ali é tudo criança em amor puro. Nati, sua Nati adorada, vai fazer 15 anos em duas semanas. Ela tem muito da senhora, tanto no jeito de falar e agir, como fisicamente. É muito magrinha e muito fofa. Sei que sente sua falta até hoje.
Minha madrinha então eu sei que sente sua falta imensamente. Dedica-se a cuidar do vô Otávio, que cada vez tem mais paúra da palavra morte, e da vó Leonor, que aliás está muito frágil, muito velhinha agora. Ano passado quase morreu comendo uma costelinha. Foi um dos maiores sustos da minha vida.
Vira e mexe estou com os meninos ou com alguém que te conhecia e comentamos como a senhora seria uma vó babona. O Bi definiu bem como ficamos depois de sua partida. "Nossa família se divide em AM e DM" (antes de Marlene morrer e depois de Marlene morrer). Em alguns momentos achei que não sobraria pedra sobre pedra, mas para minha felicidade sobrou muito sim.
Parei de chorar à noite chamando pelo seu nome. E há muito, muito tempo mesmo não percebo sua presença. Finalmente te deixamos descansar, não é mesmo? Acho que uma das últimas vezes que senti que estava perto de mim foi quando fui internada no hospital com risco de perder os pequenos ao final do terceiro mês de gravidez. Foi mesmo preciso que estivesse ali, ao meu lado, naquele sofá preto, para eu me acalmar. E deu tudo certo.
Entendo que tenha cumprido sua missão em nosso mundo e tenha partido. Entendo que é impossível saber quando nos veremos de novo. Devo admitir mãe que agora não tenho pressa. Se a senhora está bem aí e não conta as horas no relógio, acho que esse encontro pode levar uns 50 anos, não? Eu serei uma velhinha de 86 que morrerá logo depois de colocar mais água com açúcar para o beija-flor no pote com flores amarelas de plástico. Lala e Santi terão 52 anos e espero que respeitem até o fim meu desejo de viver independente, no meu canto, teimosa que sou. Lala ainda vai dizer: "Voce ainda falava de sua avó Leonor né mãe, mas tá igualzinha".
É possível que eu tenha netos ou até bisnetos. Não gosto disso de projetar meus sonhos nos filhos, quero respeitar seus desejos, mas em dado momento direi de forma direta e objetiva: "Quero ser avó".
Serei uma velhinha de 86 anos, mas de formas sólidas, bem robusta. Terei viajado pelo mundo até meus 70 e poucos. Meus filhos irão querer me enterrar ao seu lado ou talvez achem melhor enterrar-me ao lado do meu amor, com quem passei 30 bons e amorosos anos de minha vida.
A fada tatuada no meu braço terá as asas caídas, mas manterá a cabeça erguida. A rosa vermelha com os nomes de Laura e Santiago terá perdido a cor, terá murchado, mas como talvez não me lembre bem como era originalmente direi que é um lírio branco.
A outra tatuagem, atrás da nuca, que ainda não tenho mas posso vir a ter, será das mais intactas, dado que o pescoço na parte de trás tende a ficar ainda mais rija conforme os outros membros cedem.
Vou ficar um pouco triste porque meu pedido para doar todos meus órgãos talvez não possa ser atendido. Se ao menos tivesse morrido antes poderiam ter mais serventia. Então tudo bem, não salvem minhas moelas, minhas pelancas, meu cabelos de milho. Depois de 72 horas podem cremar a velhinha aqui e jogar minhas cinzas em algum lugar que ainda vou decidir. Levando-se em conta esse cronograma, tenho tempo.
O mais engraçado de tudo mãe é que quando eu for uma velhinha de 86 anos, a senhora ainda vai estar linda e jovem do alto dos seus 53. A senhora terá praticamente a idade de sua neta se formos pensar bem. E que Lala não nos ouça, mas duvido que ela consiga chegar a essa idade com o corpinho tão esguio como o seu. Lala puxou a mim e eu não puxei à senhora, definitivamente.
Aos 86 anos terei perdido muitos amigos, tios, primos, mas Deus que me ajude que não tenha perdido nenhum filho. Ou que me ajude para que até lá eu consiga entender melhor essa coisa doída de morte.
Eu não morri aos 27 anos como achava. Agora também não tenho a mínima pressa.
Aos 86 anos darei água com açúcar ao beija flor e me sentarei para tomar um chá. Servirei duas xícaras, pois sei que a senhora irá me buscar. Meu pai vai estar me esperando lá, para onde iremos as duas. Minha madrinha também estará lá, meus avós. Enfim, vai ser uma festa só. Gente que não via há anos vindo me abraçar. O melhor disso é que sei que não haverá ninguém chamando desesperado pelo meu nome entre os mortais. Quase todo mundo que me conhecia a fundo também já terá morrido mesmo. Os que ficarão terão uma leve idéia do que fiz na vida e pensarão: "Viveu muito, morreu tranquila". Aos 86 anos uma pessoa não morre, descansa. Quando uma pessoa de 86 anos parte ela deixa aquele quentinho no peito da gente. Menos dor e mais saudade.
Por isso, tento entender a lógica de ter partido tão cedo mãe. Mas não existe a tal lógica. E no caso de minha hora não ser essa sonhada, não fico olhando o passado, de nostalgia paralisada. Se tem alguém que vive bem essa vida mãe, esse algém sou eu. O motivo dessa carta é que me ocorreu que estaria orgulhosa de ver como tomo conta dos seus netos, como eles são bacanas, como meu coração é mais leve, como virei mulher, como faço bem as compras no supermercado, capricho na sopinha para as crianças e os ensinei a orar antes de dormir.
Mãe, me desculpe se me estendi demais na prosa. Mas é que ou fazia isso ou saía falando sozinha pela redação como uma l0uca ou pegava o telefone e fingia que estava falando com voce. Tudo isso quando poderia ter ficado na primeira linha: querida mamãe tenho muita saudade. Um dia de novo nos veremos. Era só mesmo para não te deixar preocupada e dizer que estou bem.

beijos da sua filhinha que te ama demais e incondicionalmente.
Lu
(junho de 2007 - cinco anos sem minha mãe)

"RATATUÍS"

Não me lembro quando foi o primeiro filme que vi no cinema, nem quantos anos tinha. Mas não vou me esquecer jamais do dia em que levei Lala e Santi ao cinema. Foi ontem. Domingo, dia 19 de agosto. Muita mãe com quem converso diz que a primeira vez no cinema de seus filhos foi aos 4 ou 5 anos. Desde que fizeram 1 aninho esperava por esse momento, mas sempre achava que eles não agüentariam prestar atenção, que iriam chorar, que não estavam prontos. Agora, aos 2 anos e 9 meses, a ansiedade falou mais alto. “Vamos ao cinema?”
Lala e Santi:: “Vamos!!!!”.
A pergunta seguinte: “Vocês sabem o que é cinema”
Lala e Santi: Não.
Em menos de duas horas eles saberiam. Fomos ver “Ratatouille”. Compramos pipoca, suco de manga, coloquei aquele suporte para o assento ficar mais alto e ficamos ali, felizes da vida. Eles comiam pipoca, bebiam o suco e prestavam muita atenção. No começo, nem piscavam. Em algumas partes, Santi deu risada e Lala fez cara de pena do ratinho. Depois de um tempo, como é natural, começara a se cansar um pouco. Santi, contrariando minhas expectativas, foi o primeiro a se cansar. Quis se sentar na fileira da frente. Tudo bem. Lala quis vir no meu colo. Tudo bem também. Depois Lala quis ir com o Santi e o Santi sentou foi se pendurar na barra de ferro que protegia do patamar de baixo de fileiras. Pedi para se sentar para não cair. Depois se sentou ao lado da Lala e os ouvi comentando algo do filme, falando do ratinho. Achei muita graça. Fato é que agüentaram bravamente até o fim do filme. Ao subir os créditos, na frente do telão começaram a dançar animados, nem ligando para as pessoas que passavam por eles. Foi um domingo para todos nós e eles não param de falar no filme "Ratatuís". Foi a primeira coisa que correram contar para as "teachers" na escola.
Depois, quando crescerem acho que não se lembrarão de nada. Mas algo, lá no fundo, virá à tona quando estiverem ansiosos para levarem seus próprios filhos ao cinema. E quando esse dia chegar será também para eles inesquecível.
(agosto de 2007)

O gato no telhado

Eu contei que tinha adotado um gato que vi na feira enquanto comia pastel de carne e tomava caldo de cana com limão na Vila Matilde. Um gato lindo, de uns 2 meses, branco e cinza, um cinza azulado, uma graça. No segundo dia já estava arrependida. O bichano fazendo xixi e cocô em lugar e eu sem tempo, sem paciência de ficar esperando ele aprender e de ensinar. Mas ele aprendeu rápido. No quarto dia, isso já nao era o problema. Mas queria ficar em todas as camas, todos os lugares, mesmo sem ser convidado. Claro, é um gato. Mas não estava para gatos. Achei que estava, que seria divertido, mas não estava sendo tanto. O jack twist, esse foi o nome que coloquei, começou a atrair os gatos da vizinha pra dentro de casa tb, pq deixava a janela aberta para ele. Uma noite, estava eu a assistir "Belíssima", quando percebo algo me encarando. Virei e vi um gato todo cinza imóvel. O da vizinha.
Para encurtar a história, dei o gato. Na hora até chorei, mas naquela mesma noite, ao perceber que ele não estava mais lá, foi um alívio.
Ele foi, mas dias depois percebi que Lala estava se coçando sem parar e eu tb comecei a me coçar e não deu outra: escabiose. A coceira veio do gato. Terrível. Pensei que pegar piolho nas Ilhas Fiji, aos 28 anos, foi o máximo do submundo que poderia atingir. Mas sarna aos 35 é pior.

Um dia, um gato

Como se não tivesse nada para fazer e mais nada para inventar, eis que no último sábado adotei um gato. Estava eu distraída, saboreando meu pastel e meu caldo de cana quando vi o bichano embaixo de um carro. Pouco depois, uma japonesa passou com ele no colo. "Muito bonitinho. É seu?" perguntei. Maldita hora. Não era dela. Acabou no meu colo. Na primeira noite, xixi no tapete e no quarto. Na primeira manhã, cocô na cama de babá. Na segunda noite, xixi no ralo do banheiro. Mas ele é lindo e quando me vê, fica me seguindo. É branco e cinza claro, com uma barbicha cinza. Charmosíssimo. Tem uns dois meses. Ainda não tem nome. A Lala adora ficar com ele no colo. Já levou um arranhão porque estava segurando ele de ponta cabeça pelo rabo. Santi quase estourou os miolos do coitado, pegando-o pela cabeça. A Kika late um pouco, ele se arrepia todo, mas sinto que logo virarão amigos de longa data. Esta noite acordei e vi que ele não estava dormindo no meu pé. Acordo e vejo a Lala sentada no berço. O folgado tinha deitado no travesseiro dela. Ela não se assustou, só ficou me olhando como quem diz:"Alguém precisa dar um jeito nisso". A veterinária avisou, bem no dia em que o adotei, que era melhor mantê-lo dentro de casa por um tempo para ele se acostumar e não fugir. No segundo dia abri a porta de casa, deixei ele sair e ainda fechei a porta. Qual o que...Ele ficou do lado de fora miando. Nem passear um pouquinho foi. Ficou lá, doido pra entrar. Já vi que não foge. Que quer ficar. E eu arrumei para minha cabeça.
(abril de 2006)

A noite, o dia e as muitas perguntas

Santi: Por que está escuro mãe?
Mamãe: Porque está de noite.
Santi: Por que está de noite?
Mamãe: Porque o sol foi embora, lá para o Japão e amanhã volta.
Santi: Por que o sol foi para o Japão?
Mamãe: Porque as crianças queriam brincar e precisam do dia. Amanhã o sol volta e a lua vai para o Japão.
Santi: Mãe, eu quero ir para o Japão.

E Lala, tempos atrás:
Lala: Mãe, por que tá a noite?
Mamãe: Porque acabou o dia.
Lala: E quem apagou?
(junho de 2007)

Escatologia é para mães e pervertidos

Sempre tive um lado um pouco escatológico, que aflorou sem perfume depois que tive meus filhos. Porque, a menos que voce seja bizarro sexualmente, só mesmo sendo mãe para aguentar escatologia e até achar graça nela. É um tal de cocô pra cá, cocô para lá, só para começar a conversa. O pai, por exemplo, tolera, porque não há outro jeito. Ele sempre entendeu, desde os tenros cocôs petrolinhos (de petróleo, aquele cocô aguado e escuro dos primeiros dias de vida), que se trata de uma tarefa também dele. Mas já admitiu que detesta essa missão de limpar bundas e trocar fraldas com todas as forças do mundo. Já eu não vou falar que gosto, mas até achava agradável esse cheirinho de cocô de quem só toma leite e papinha. E o cheirinho de suor na nuca então? Também amo o cheiro de chulezinho no final do dia...o Santi tem bastante. E o bafinho da manhã? Adorável!
Esta manhã tomei banho, lavei os cabelos, sequei-os, me maquiei e deixei para colocar as roupas por último. Primeiro fui trocar as crianças, colocar Lala para fazer xixi e cocô no pinico. Troquei os dois e descemos para o carro. O Santi continuou de fraldas porque ainda não tinha feito cocô e como nunca pede, melhor prevenir do que remediar.
Estávamos os três faceiros prontos para entrar no carro. Nisso fui ver onde estavam a Bel e a Kika e fui achar a Kika no final da rua, lá embaixo. Beeeel, volta aqui. Bel voltou. Conforme voltava, vi que Lala já estava no carro. Mãe, cocô. E lá estava Lala de calcinha arriada até os joelhos, cheia de cocô mole. Ninguém merece. Deixei o Santi lá embaixo, as cachorras, porta aberta do carro, da casa e subi com a Lala para dar banho. Antes fui tirar a calcinha dela. Claro que caiu coco na minha mão. Dei banho na Lala e enquanto estou trocando a bonequinha da mamãe, ela espirra. Depois, fazendo cara de nojo, me dá a chupeta. Quando peguei a "pepê", senti uma gosma entre os meus dedos. Catarro. Fui para o banheiro lavar as mãos. Terminei de trocar a Lala, coloquei meias novas também. Desci com ela e com o Santi, que tinha subido depois.
Cadê a Bel? P...da Bel! Fugiu de novo? Bel, Beeeeel...Bel...(E dá-lhe correr para o portão para ver se ela fugiu)> Enquanto isso, Lala e Santi faziam sinal para mim. Eu já brava falava: Fiquem aí, não é´pra vir aqui. E nada da Bel. Conforme fui chegando perto deles pude entender o que diziam. Mãe, a Bel tá aqui.
E eu brava com eles, coitadinhos. Na entrada da escola, os beijos e abraços dos amores da mamãe. Mal o dia começou e já estou com saudades deles, com todos os seus cheirinhos.
(2005)

"A DO SANTI"

Lala: O que é isso tia Alice?
Alice: É adoçante.
Lala: Puique que é do Santi e não é da Lala?

Bem na fita

Comprei no sábado o livro "O que esperar nos primeiros anos do bebê", das mesmas autoras de O que esperar quando vc está esperando. Ao longo dos capítulos, fala-se dos problemas que em geral as mães enfrentam com seus filhos.

- a luta para fazer comer: francamente, se está aí um problema que nunca tive foi para fazer Lala e Santi comerem. Os dois sempre foram pardaizinhos famintos e se um dia for ter algum problema, vai ser de fazer com que parem de comer. ok, recentemente notei que cada um começa a rejeitar algum tipo de alimento. Mas é tão raro e tão pouco que nem me lembro o que seja. Frutas eles amam (mamão, pera, uva, melancia e banana estao no topo da lista), carnes, peixes, verduras (cozidas) e legumes tb.

- o martírio para fazer dormir: 20h. Esse é o horário. 20h20 geralmente já estou vendo o Jornal Nacional ou então dormindo tb na cama ao lado deles, de tão cansada. Quando eles tinham uns 6, 7 meses, o horário era 18h, depois passei para 17h e há tempos bed time é 20h. Claro que se tem algum evento especial ou estamos de viagem esse horário pode ser esticado, mas normalmente, até em outras casas, deu essa hora eles estão com sono e querem cama. O ritual é o mesmo..."vamos dormir? quem quer nanar?"..Daí subimos os três as escadas (eles sobem sozinhos e eu acompanho de perto), vamos para o quarto, coloco pijamas neles, ponho no berço, dou a mamadeira e coloco uma música bem suave, de ninar. Nas últimas semanas, a música suave tem sido substituída, e com enorme sucesso, por estórias de ninar. E quando estou muito cansada, apelo para o CD com estorinhas. Funciona do mesmo jeito. Tenho vários de uma série portuguesa, que o Tony trouxe, que é tiro e queda. Acho que o sotaque português embala mellhor, sei lá.

-guerra dos remédios - Vou ser curta desta vez. Um exemplo: esta manhã Lala abriu a gaveta e puxou o vidro de Kalyamon. Quando eu peguei para dar ela griou de alegria e o Santi tb correu pra minha direção, para ter certeza de que nao ficaria sem. É o mesmo com a vitamina C e qualquer outro remédio que eu dê. Nunca foi difícil. Será que isso pode significar que tenho dois projetinhos de hipocondríacos? Não, isso é que não. Mas é que tento fazer de dar remédio uma coisa legal pra não deixar traumas e tem dado certo.


- carnaval em restaurantes e lugares públicos - toc, toc, toc...deixa eu até bater na madeira, que está aí uma coisa que é facílima com meus pequenos: sair, viajar e passear. Eles nunca dão bafon, nunca tiveram piti, ficam super tranquilos no carro e mesmo numa viagem muito longo (tipo 12 horas no avião), só depois de muito tempo podem manifestar irritação. São dois sagitarianinhos mesmo, muitio aventureiros.

ok, ok, nem tudo é um mar de rosas. Vou confessar quando o bicho pega em casa:
- na hora de cortar a unha do Santi
- para passar o desentupidor de nariz na Lala (mas convenhamos, ninguém merece aquele aspirador de nariz!)

Tenho que admitir...tenho dois anjos lindos e muito fofos em casa. Duas pessoas maravilhosas, carinhosas e muito bem-humoradas. A Deus, meus sinceros agradecimentos!!

(2005)

A verruga

Lala olhando para a verruga no rosto da Zena.
-Zena, dá camim?
-Não dá pra dar Lala. É da Zena. Não sai.
-Não? Então mamãe compa camim?

Mamãe, conta uma estólia?

Mamãe, conta uma estólia?
bláblablablablabla...e muitos blablablas depois...
"Agora eu", diz o Santi: "Ela uma vez, o usso....a gilafa.."
É mesmo filho? e o que mais? "O lobo mau".
É filho? E o que eles estavam fazendo?
"O lilifante".
Ah, o elefante também? Que cor era o elefante?
"Azuuul".
E o girafa.
"Azuuul".
(2007)

Papai é lindo

Os dois falando do papai quando estavam indo pra escola:
Mamãe: Vocês querem o papai?
Os dois : qué!
Santi: Papai tá no avião.
Lala: Papai tá chegando.
Mamãe: O papai é lindo?
Lala e Santi: é.
Lala: O vovô é lindo também...
O santi: Lala é lindo também.
Mamãe A Lala é linda filho, linda.
Santi: O Santi é linda também.

O sono

Esta noite dormi. Dormi verdadeiramente por algumas horas e quando acordei me espreguicei. Só readquiri meu estado de alerta pela manhã, com os primeiros balbucios de Lala e Santi. Abri as comportas auditivas, ameacei abrir os olhos, mas diante da intuição de que tudo corria bem, retomei o sono. Sonhei incrivelmente. Tenho quase certeza que ronquei. Acredito que meu corpo até entrou em Alfa. Tenho a sensação que meu espírito saiu para passear. Levantei-me um pouco depois das 9 da manhã, me sentindo uma madame. Tomei banho, passei creme no rosto, filtro solar, sequei os cabelos e olhei orgulhosa para minhas unhas pintadas. No espelho, vi uma mulher bonita e era eu. Finalmente desci as escadas ao encontro das minhas perolinhas, dos meus amados, dos meus pimpolhos que, graças à baby sitter, já tinham tomado banho, a mamadeira, comido a fruta da manhã, andado pela rua e estavam fofos como sempre em seus uniformes, sorridentes ao me ver. Normalmente não resisto á tentação de me aninhar no quarto deles à noite e acordar com eles assim que raia o dia. Mas dormir é bom e o corpo pede. Minha mãe dizia que depois que viramos mãe nunca mais temos uma verdadeira noite de sono. É verdade. Pode ser verdade. Mas pode ter certeza de que esta noite foi a melhor noite de sono da minha vida!!
(2005)

No rrológico

Lala: Mamãe, depois vamos no rrológico?
Mamãe: Depois filhinha, agora tá de noite.
Santi: Agora não é o dia?
Mamãe: Não, agora é noite.
Dias depois...
Lala: Mamãe, a gente foi no rrológico!
Mamãe: Ai que legal e o que vocês viram?
Santi: A zilafa, o popótamo, o cicelonte e o tigle.
Mamãe: E como é que faz o tigre?
Santi: UARRRRRRRR!!
(julho de 2007)

Nem sempre somos os primeiros

Todo o tempo em que estou acordada, basicamente se não estou no trabalho estou com meus filhos. Não tem feriado, sábado, domingo, turno... Vida de mãe é tempo integral e levo isso bem a sério. Poucas vezes reservo tempo para mim, o que não quer dizer que eu esteja certo, somente que é assim.Amo estar com meus filhos mais do que qualquer outra coisa e tenho como privilégio meu presenciar momentos tão importantes na vidinha deles, como o primeiro choro, o primeiro sorriso, o primeiro passo, primeiro tombo. Tenho até a ilusão de que passo tempo suficiente com eles. Mas não é verdade. Essas horas que passo no trabalho, que perco no supermercado e na manicura me são caríssimas. A velocidade com que as novidades se mostram no mundo deles é muito maior do que consigo acompanhar. E entre uma pequena ausência e outra acabo por já não ser a primeira a compartilhar com eles suas descobertas.No último final de semana ficou em casa como babá uma das “tias” da escolinha deles, a Anne. Meu irmão, minha cunhada e minhas sobrinhas vieram nos visitar. De repente, do nada, Anne olha para eles e fala: “Agora vamos cantar Cai Cai balão”...”Cai, cai, balão, cai, cai, balão, aqui na minha mão”....Imediatamente Lala e Santi começaram a balbuciar algumas palavras enquanto apontavam com o dedinho da mão direita para a palma da mão esquerda quando ela falava “aqui na minha mão”...Em seguida veio com outra música: “Tralalá, tralalá. Tralalá...hey!” e Lala e Santi viravam as mãozinhas para cima e no “hey” jogavam os dois bracinhos para o alto! Lindo!! Quanto talento musical, quanta habilidade motora, que engraçadinhos....Todo mundo ficou encantado, enquanto eu me perguntava: “Como eu não sabia que eles cantavam ‘ cai, cai balão?” Porque nunca cantei essa música com eles? Quando eles aprenderam? Olhava para Anne com cara de pasma. “Nossa Anne, não sabia que eles cantavam essas músicas...”, disse com um misto de felicidade, orgulho e ciúmes, por me sentir um pouco excluída.Outro dia os dois começaram a dançar na minha frente e girar e imediatamente desconfiei que tivessem aprendido aquilo na escola. E me dou conta, neste exato momento, de que tenho que me conformar e aceitar de que como mãe não estarei presente em vários acontecimentos, descobertas e aprendizados dos meus filhos. E como mãe não preciso estar. E que, por ser mãe, eles tratarão de me excluir de vários eventos, pois “ninguém vai levar a mãe né mãe!! Que mico!!”, falarão para minha tristeza.Tenho que aceitar que muita coisa que acontecer daqui para frente só saberei depois e tenho até que ficar feliz e aliviada se vier a saber depois. Eles já não são aqueles serzinhos que mal se mexem no berço. Eles já não são aqueles dois bebezinhos que só vêem em preto e branco. Eles já não precisam de mim para arrotar, dormir, mamar, andar... Logo não precisaram de mim para trocar as fraldas, tomar banho, comer, viajar. Um dia não precisarão de mim para quase nada e ficarão até bravos quando me virem acordada de madrugada até que cheguem da balada. “Poxa mãe, porque não foi dormir?”.Duas coisas eu aprendi agora que meus filhos estão com 1 ano:1) nem sempre eu serei a primeira.2) nem sempre serei necessária.Enquanto estou aqui me esforçando para assimilar essas duas dolorosas lições eles já devem ter aprendido mais umas duas músicas, uma dança, quatro palavras...e eu já nem me lembro o que escrevi no começo desse texto.

(2005)

Idéias de consumo de uma dedicada mãe

Escrever é um processo que nasce das urgências. Um desabafo, um canto, um choro, uma gargalhada, uma declaração de amor. Na incerteza de que serei mesmo ouvida ou na falta de alguém que me ouça agora, escrevo. Por exemplo, hoje estou com a palavra “vibrador” na cabeça. A primeira idéia foi a de comprar um. A segunda de escrever. Não que uma anula a outra, mas começo do final, que é mais fácil. Não sou pudica. Poderia perfeitamente entrar num sex shop e pedir um vibrador, ir para o caixa, pagar e sair com o pacote na mão, como quem sai da padaria com uma baguete. A complicação está nos detalhes. Se eu chegar na loja e não tiver o vibrador que eu quero bem ao alcance dos olhos? Daí tenho que chegar e dizer:“Por favor, você tem um maior? Ou menor? Ou preto? Ou mais fino? Ou mais grosso? Ou mais rápido? (...)Ah, tem com música? Que legal!!Nossa, e que caro...Sem música é mais barato? E mais fino e menor, é mais barato? E se for só manual, sem pilhas, custa quanto? .(...) Ah, tem razão, daí não é vibrador, é um pênis de borracha apenas....E vocês aceitam cheque pré-datado?”.....Pior ainda é se for com minha bolsa que tem as carinhas dos meus filhos estampadas. Daí a vendedora vai perguntar: são seus filhos? E eu vou dizer que são e me sentir imediatamente uma pervertida. Chego à conclusão de que se tiver que puxar muito papo para comprar o vibrador vou perder o tesão. Posso pedir pela internet. Vejo a foto, escolho o modelo, tamanho e mando despachar. O pênis chegaria pelo Correio, em embalagem discreta, como convém quando assuntos sexuais ameaçam territórios familiares. Mas daí escondo onde? Na gaveta? Não, Lala e Santi vivem abrindo as gavetas todas pra jogar as roupas para fora..Já imaginou pegarem o vibrador e jogarem escada abaixo? Não tenho muitos lugares para esconder. Uma caixa seria a opção. Mas minha empregada eficiente faz arrumação em tudo e não gostaria que soubesse que tenho um vibrador em casa. Lá no futuro, poderia usar isso contra mim no Tribunal. “Dona Luciana não me pagava em dia, me explorava, me deixava passar fome e tinha um pinto escondido numa caixa”. Viraria a patroa carrasca e tarada. Ganho de causa na hora.Posso deixar simplesmente o assunto para lá. Afinal sexo não é tudo na vida. Parece que a gente nunca está mesmo satisfeita nessa vida. Quer dizer que além de ter o que comer, ter um emprego fixo, ter filhos maravilhosos, uma casa confortável, um carro que quase sempre funciona eu ainda quero ter orgasmos? Poderia aproveitar o tempo de ociosidade que usaria para meu solitário kama-sutra para entrar na ginástica, natação ou para dormir mais e me livrar dessas horrendas olheiras. Mas não. Nessa altura do campeonato, com tudo organizado, minha rotina quase britânica, resolvo que quero ter orgasmos também. Andei tendo uns outro dia, mas foi vendo um canal adulto, um desses filminhos pornôs, logo depois que acabou minha novela favorita, Belíssima, é o nome. Realmente não entendo porque minha cabecinha fértil, agora que parece que tudo está mais calmo, as crianças estão dormindo mais e eu poderia me dedicar a tantas outras coisas, resolve só pensar em sacanagem. E não adianta ninguém me aconselhar a arrumar alguém de verdade. Isso demandaria mais tempo da minha apertada agenda, mais diplomacia e realmente daí não teria como colocar o amante na gaveta ou na caixa quando começasse a me encher o saco. Quero algo mais prático, simples, rápido e silencioso. Algo que combine bem com minha atual realidade de mãe sem marido, assalariada e cabeça aberta. Por isso, optei por escrever.
(abril de 2006)

Estórias de ninar

Depois de ferverem bastante chegou a hora de dormir. Lala e Santi estavam com carinha de sono, mas insistiam em pular, girar, fazer mil gracinhas, como que para tapear o sono. Mas hora de dormir é hora de dormir. Não concordo em ver crianças tão pequenas indo para a cama na hora que lhes apetece. Criança pequena acordada à meia-noite, assistindo TV é realmente impensável para mim, e olha que sou flexível com muita coisa na vida. Menos com isso. Criança tem que ter horário para dormir. O sono é importante para eles. E deu 8 da noite, é cama! Salvo se estamos de viagem ou é algum evento especial. Para toda regra há uma exceção. Não no domingo passado. Dei boa noite para os dois e como a Anne, a tia deles na escola, estava em casa no final de semana, deixei a tarefa para ela. Pedi para que os ajudasse a escovar os dentes e depois lesse uma estórinha para eles, para eles irem se habituando com o mundo dos livros. Subi com ela para ajudar a trocá-los, dei beijinhos de boa noite e desci. Ouvi quando ela começou a contar a primeira estória, baixinho. E nem um pio de Lala e Santi. Em dez minutos, a Anne estava descendo as escadas. Como assim? "Eles dormiram", me falou. Mas já? "É, eles ficaram deitados olhando pra mim enquanto eu contava a estória e dormiram". Que fantástico, que lindo! Eu mal podia me conter em saber que meus pequeninos ouviram um conto compenetrados e dormiram logo, talvez sonhando com a Branca de Neve.Segunda-feira. Ontem. Chegamos da escola, brincamos, assistimos Lazy Town e um programa sobre macacos no Animal Planet. O Santi repetia o tempo todo "caco", sempre que eu dizia "olha o macaco". Eles, certo momento, começaram a falar papai. E eu, como sempre, corri ligar para o papai Tony na esperança de que eles travassem a primeira conversa telefônica. Eles, para variar, ficaram mudos quando coloquei o fone no ouvido deles. Desliguei. Eles voltaram a falar papai. Brincamos mais um pouco e hora da cama. Deixei os dois de pijamas em seus respectivos berços e fui buscar as mamadeiras. E assim, com eles mamando, comecei a contar uma estória. Eles ficaram quietos, claro, porque estavam ocupados. Bastou terminarem as mamadeiras para o Santi começar a querer sair do berço e a Lala pedir para eu pegar a boneca. Concentração zero na minha estória. Pedi para ficarem quietos e comecei a contar outra estória, na esperança de que fosse mais emocionante. E o Santi "Té, té...", tentando sair do berço. A Lala ainda ficou quieta, me olhando, mas como o Santi não parava de resmugar, logo começou a chamá-lo: "nenê, nenê", esticando a mãozinha na direção do irmão. Resolvi então apagar a luz e contar a história no escuro. Escolhi logo uma fácil. "Era uma vez uma menina muito linda chamada Branca de Neve...shhh, quieto Santi.....um dia a Branca de neve estava passeando na floresta quando encontrou o lobo. Aonde você vai Branca de Neve? Vou levar doces para a vovó, disse a....Santi deita!!Mamãe estã contando uma estória!Daí me dou conta. A Branca de neve nunca encontrou com nenhum lobo. Como ninguém notou meu erro, continuei, dessa vez com voz mais baixa para ver se dava sono neles. Aí a Chapeuzinho Vermelho bateu na porta da casa da vovó (resolvi encurtar o trajeto até a casa da avó para tornar a estória mais interessante). E a vovó perguntou....Lala e Santi, assim não dá. Mamãe não vai mais contar estória. Querem música? E os dois: "té", acenando com as cabeças também.Liguei o som, na canção de ninar e eles dormiram rapidinho. E eu também, me sentindo uma incompetente contadora de estórias.. Tudo isso para dizer também que mais uma vez senti ciúmes da baby-sitter.
(2006)

Medo do escuro

À noite, depois de colocar Lala e Santi nos seus berços, acendo a luz do corredor. Porque criança tem medo do escuro. Criança tem medo de cachorro grande. Criança tem medo de a mãe ir embora. Criança tem medo de bicho papão, de lobo mau e da bruxa malvada. Em suma: criança é um bichinho frágil, covarde e assustado. Bobagem. Nós é que somos. Estou convencida de que os medos da criança são os nossos, que transferimos para eles.Por duas décadas eu tive medo de gato, porque minha mãe ficou traumatizada com o bicho quando se viu trancada numa cozinha com meu avô e um gato. Encurralado, o bichano virou uma onça e minha mãe nunca mais esqueceu o olhar arregalado, parado, defensivo, do gato. Ela me injetou isso na veia. Gato para mim era uma ameaça. Hoje gosto de gato, já tive vários, mas sempre terei uma leve desconfiança e ressalva.É possível que Lala e Santi morram de medo de rato, de cobra, de altura, como eu. Mas se eu não contar nada sobre isso para eles, é possível também que queiram uma cobra como bicho de estimação, coloquem um ratinho para andar no braço deles.Quando olho para mim e olho para eles, vejo dois serezinhos destemidos e uma mãe amedrontada. Não que eu seja uma molenga que tem medo de tudo, mas tenho lá minhas cismas. Tenho uma grande cisma com moto. É quase certo que esse medo eu não conseguirei transferir para eles.Santi vai crescer, os pêlos embaixo do braço vão aparecer e ele Santi vai pedir ao pai uma moto. Será uma batalha daquelas: mamãe x “a moto”, com o pai no meio de árbitro. Laura vai querer pular de pára-quedas ou escalar o Everest. Ou os dois vão se enfurnar na noite como vaga-lumes e me deixar acordada e preocupada.Tanto para ele, quanto para ela vou rezar e admirá-los por serem mais corajosos que eu. Como já os admiro por já serem mais corajosos que eu ou destemidos como fui um dia, na inocência dos primeiros anos da infância. Como os admiro cada vez que eles caem no chão, batem a cabeça, ralam o joelho e mesmo assim se levantam e tentam se novo. Filhinhos, mamãe acende a luz do corredor porque tem medo de não vê-los no berço, do bicho papão vir pegar vocês, da bruxa malvada vir assustá-los, de vocês irem embora. O medo às vezes é uma questão de sobrevivência. Se lá o que for, deixem a luz acesa para mim, sempre. Boa noite e durmam com os anjinhos.

Anti-heroína

Não se trata de um protesto contra as drogas. Não vou falar aqui de cantores de rock ou Kate Moss. O tema já diz tudo: Anti-heroína. O que mais poderia ser do que um desabafo de uma mulher no pós-parto? Enquanto todos me chamam de heroína eu me sinto tudo, menos uma.Porque heroína é coragem, determinação e super poderes. Bom, eu tenho tudo isso sim e deixemos a modéstia de lado. Mas heroína que é heroína tem as unhas feitas, a maquiagem em dia, o cabelo arrumado, o uniforme de heroína na última moda e as raízes brancas sempre bem escondidas. E é aí que minha auto-estima fica refém do bandido.
Vamos aos fatos. Na gravidez a gente incha, estica, estica, estica até não poder mais. Depois desincha e murcha geral. O que sobra? Pele. O que falta? Uma ordenação decente do material, por dentro e por fora. Aos poucos tudo vai se ajeitando: útero, peitos, barriga, a cabeça, o tesão. Ou nem tudo ajeita e ficamos sem saber com a cabeça, barriga demais e tesão de menos. Ginástica ajuda, regime ajuda, terapia ajuda, marido ajuda (ou atrapalha mais), fluoxetina ajuda horrores. O duro é quando depois de um ano e muitas tentativas algumas coisas parecem que nunca mais vão entrar nos eixos. Muito casamento acaba logo no primeiro ano. O meu só não acabou porque não começou. Mas acho que realmente a maternidade é uma tarefa árdua. É o que eu mais sonhava na vida e é o que mais me faz feliz, mas não é fácil. Equilibrar ser mulher, ser fêmea atraente, ser mãe, ser amiga e estar em dia com a vida social...é ser heroína...e por muito tempo se sentir a mais anti-heroína de todas....
(2005)

Drops

Mamãe: Lala dá a mão para a mamãe te ajudar a descer do carro.
Lala: Tá bom.
Mamãe: Cuidado Lala, vem devagar apra não machucar.
Lala: To indo mãe. Fica tranquila.
***************
Pati: Santi, come mais um pouco do papa.S
anti: Não quero.
Pati: Só mais um pouquinho.
Santi: Não quero Pati. É sério.

***************
conjugação verbal: Eu fizi ou eu fazei e voce fazeu

Mãe natureza

Num dia...Santi: quero a pepê rosa
Lala: rosa é de menina, você é boy.
Santi: não, quero a pepê rosa
Lala: não pode, vc é boy..eu sou girl.
Santi: eu não quero ser boy.
Mamãe permanece em silêncio...

Noutro dia...
Mamãe: Santi, você tem namorada na escola? (Isso é uma coisa idiota que muita mãe gosta de perguntar, assim como dizer que o filho tem pipi enorme que não cabe nem na fralda...eu faço as duas coisas idiotas)
Santi: tem.
Mamãe: quem é?
Santi: a Lilica.
Mamãe: ela é bonita?
Santi: é
Mamãe: e você lala, tem namorado na escola? É o Bernardo?(irmão trigêmeo da Lilica)
Lala: não, é a Lilica.
Mamãe: mas vc é menina, namora menino. Quem é o namorado da Lala?Lala: a LilicaMamãe de novo em silêncio, pensativa...
(2006)

O tempo não pára

O mundo não párou. Eu não morri. Tudo está bem. Há muito a vida não andava tão boa. Por isso sumi. O relógio se mantém apressado, aquela reivindicação de alongar as horas não foi aceita e o dia acaba antes de eu poder me lembrar desse blog. Em casa há computador, mas não o acesso desde outubro do ano passado. Porque há muito o que ser feito e quando não há, me dedico com prazer ao ócio.Laura e Santiago, que passaram a encabeçar minha biografia, estão lindos, maravilhosos, espertíssimos. Laura finalmente soltou a língua e está falando bastante. o Santi está mais tagarela do que nunca. Eles adoram dar pulos...verdade é que os pés praticamente não descolam do chão, mas eles não desistem e movem como bonequinhos de pano os bracinhos e os ombros para cima. Ganharam o apelido de "pulinhos", os meus smithinhos. Esta manhã, depois que troquei a Laura ela fez questão de escolher o sapato. "Bota, bota". E fui lá eu buscar a sua bota pink para compor seu visual pink, branco e lilás. Os dois são fanáticos por banana. "Mana, mana", pedem sempre que vêem um cacho dando bobeira. E adoram ouvir histórias. "Tólia, tólia. Mamãe, tólia". Eu acho ótimo. Que gostem muito de livros, que sejam amantes de histórias e que aprendam como contá-las. Comprei uns fantoches outro dia e eles sempre pedem para colocar na mão. Os dois estão cada vez mais carinhosos, unidos e companheiros um do outro. Às vezes o bicho pega. Sempre por causa de algum brinquedo ou objeto. Mas logo passa e eles estão se abaraçando. Lala chama o Santi de "nenê" e gosta de colocar ele no colo. Deve ser porque sente que é 3 minutos mais velha. Instinto maternal aflorado. (...)
(julho de 2006)

Briguinhas

Lala e Santi se dão muito bem, são super companheiros, mas de vez em quando o caldo engrossa. Ontem mesmo estávamos os três brincando na cama quando ouvi o Santi dar um grito, daí me virei e ele estava chacoalhando a Lala pelo "colarinho" para frente e para trás, muito nervoso. Daí olhei a mão da Lala e tinha um chumaço de cabelo do Santi. Me segurei para não rir, fiz cara de séria e apartei a briga. Minutos depois a Lala já estava fazendo carinho no "nenê" que é como ela chama o Santi.
(julho de 2006)

É GOL GAIÉIA!!!!

TRADUZINDO: É GOL GALERA!! --pra dizer em dia de jogo. Ontem eles não pararam de repetir isso.
(junho de 2006)

Mind all the gaps*

Todo cuidado é pouco. Hoje foi em casa o pessoal para colocar redes de proteção pela casa toda. janela, mezaninos, além de mais portões pelas escadas. Minha casa logo vira um bunker, de tão protegida. Tenho protetores de tomada, há tempos coloquei as facas e objetos cortantes em lugares altos e mesmo assim, sempre fica a sensação de que alguma coisa ainda não foi feita. Porque esses pequeninos são tenazes descobridores. E escaladores e mastigadores. São destemidos quando se trata em mexer no que não lhes diz respeito.
O maior equívoco que uma mãe pode cometer, inclusive, é só prestar atenção no que realmente oferece perigo de vida e de grave acidente.
Por exemplo, comer sabonetes não mata, mas francamente tenho pena do estomago do Santi. O que tem entrado de sabonete lá não é brincadeira. Pior que nunca vejo sair. Será que derrete? Será que vira bolha de sabão no intestino? A menos que um sabão branco Dove possa virar um Phebo, não vi em suas fraldas emporcalhadas nada parecido com os sabonetes que ele come nas frações de segundo em que me viro pra enxugar a Laura. Santi adora comer também pedra pome. Só tenho metade dela no banheiro agora para esfoliar meus canhanhares que desfiam qualquer seda. Fico imaginando aquela coisa áspera e escura descendo pela garganta do Santi e realmente nao vejo que graça tem em comer isso.
Bom, só pra dizer, que antes mesmo de saber de algo tem gosto bom eles já vão colocando na boca. E escalam antes de saber a altura e pulam sem saber do perigo. Por isso prefiro transfmormar minha casa numa versão light de bunker para poder piscar os olhos em paz.

*Mind the gap é o sinalização que se vê nos metrôs de Londres e se refere ao espaço entre o trem e a estação. É cuidado com o buraco. No caso deste post, vamos tomar cuidado com todos.

Não me sinto enojada

Estava lendo o fantástico blog Mãe Galinha, cuja leitura eu recomendo, onde ela fala do insuportável chulé de seus filhos. Com exceção de um leitor que aparentemente adora chulé e outros maus-cheiros de seus rebentos, todos são unânimes em dizer que os cheiros fétidos da cria são suportados por amor.
A mãe natureza fez tudo de um jeito tão perfeito que posso não aturar coco de outras crianças, mas nunca saí correndo vomitando porque meu dedo chafurdou-se na merda dos dois, nem porque fui ensopada pelo xixi de meus bebês, nem porque a gola da minha blusa estava esbranquiçada com o regurjitamento após a mamada. Para falar a verdade, sem demagogias, até pouco tempo gostava mesmo do cheiro do coco deles. Isso quando eles ainda estavam restritos às inocentes papinhas e mamadas.
Por enquanto, eles não tem chulé e o bafinho da manhã é realmente agradável. Sei que isso vai mudar e o que os fedores tendem a ficar mais a sério ao longo dos anos. Até agora tenho administrado bem. Esses dias mesmo laura cuspiu algo que não tinha gostado e eu coloquei na minha boca e comi aquela bolacha amassada e babada. Outro dia também Laura estava com o nariz sujo e eu ergui minha camiseta e o limpei. Limpar com os meus próprios dedos e depois ir com a caca pendurada até o banheiro também é praxe. Ossos do ofício. E, sinceramente, não me sinto enojada.
(junho de 2006)

Descobertas

Ontem meus filhos Laura e Santiago tomaram o primeiro banho de chuva da vidinha deles...A alegria deles era tanta....eles batiam as mãos na poça d'água e gargalhavam..depois olhavam pra cima e levantavam as mãos para catar os pingos.
É bom demais presenciar a desberta de novas sensações..fico feliz de poder presenciar isso....
(janeiro de 2006)

Sopa de letrinhas

Consta no relatório da escola que Lala fala em torno de 10 palavras e Santi de 10 a 20 palavras. A Lala sempre foi de fazer as coisas primeiro que o Santi, mas na fala o Santi está mais avançado. Não sei se existe e qual o padrão normal, mas acho que os dois estão indo muito bem!

Lala: mamãe, mãe, papai, Kika, qué, não, mama, bou. A Lala fala bem menos que o Santi, mas na sua linguagem, fala frases inteiras, dá bronca e dá ordens, embora eu não consiga entender o que ela fala. Também não é de repetir o que a gente fala, ao contrário do Santi, que está um verdadeiro papagaio.

Santi: mamãe, papai, kika, titio, anne, zena, kika, gato, caco(macaco), pao, paozinho, bia (maria), qué, agua, mama, Bani (Barney), bou (acabou), tati (nati), dou (gio). Basicamente o Santi já repete tudo o que a gente fala.
(maio de 2006)

Instinto Maternal

"Queridos defensores de progênie em toda a natureza - nobres, abnegados, doces e ferozes: o Dia das Mães se aproxima - será que você merece nossa admiração? E nós, será que de fato nossas fotos enfeitam os cartões que, como filhos econômicos, vamos mandar no lugar de um presente de verdade? Uma porquinha-da-índia caminha, seguida por uma dúzia de filhotes. Uma mãe e um bebê panda dividem um pedaço de bambu. Uma águia negra carrega comida para seus filhotes que a aguardam. Nós te amamos, mãe, você é nosso porto na tempestade. Só você pode ajudar a cortar as unhas de sangue da Mãe Natureza. Mas espere. Aquela porquinha-da índia está andando rápido demais. De fato, seus filhos não conseguem acompanhá-la e, no final do dia, opa, somente dois ainda restam. E a mãe panda, ela não deu à luz a gêmeos? Então por que apenas um pandinha emerge de seu esconderijo? E a águia negra africana? Seu ninho parece mais um verso de Edgar Allan Poe do que um poema da Hallmark. A mãe tem comida em abundância e carcaças de hyrax (dassie) sobrando. Mesmo assim, alimenta apenas um de seus dois filhotes e fica parada com cara de entediada enquanto o gordinho bica seu irmão esfomeado até a morte.
O que há de errado com essas mães sem coração, que dão a vida e depois a jogam fora? Serão loucas ou doentes ou pouco naturais?(...) Por mais que gostaríamos de acreditar que as mães são programadas para nutrir e proteger seus filhos, lutar até a morte, se necessário for, para manter suas crias vivas, de fato, abundam mães na natureza que desafiam esse comportamento maternal preconcebido em uma série de formas macabras. Existem mães que comem a prole com gosto e mães que bebem o sangue dos pequenos. Mães que fazem os filhotes brigarem até a morte e mães que alimentam uns com a carne dos outros. Entre vários mamíferos, inclusive leões, camundongos e macacos, as fêmeas abortam espontaneamente os fetos ou abandonam os recém nascidos quando a situação está difícil ou um macho novo aparece na cidade. Outras, como pandas, praticam uma forma de planejamento familiar pós-natal, parindo um filhote que pode ser chamado de herdeiro e um sobressalente. Depois, quando o herdeiro se sai bem, ela abandona o estepe sem nem um adeus. "Os pandas freqüentemente parem gêmeos, mas nunca criam os dois filhotes. Este é o lado negro dos pandas: eles têm dois e jogam um fora", disse Scott Forbes, professor de biologia da Universidade de Winnipeg. Também é algo que os zoológicos raramente explicam em suas mostras populares de pandas. "Eles consideram isso má propaganda", disse Forbes. Os pesquisadores há muito consideravam o infanticídio e atos similares de trapaça maternal como gestos patológicos, devido ao estresse extremo da mãe. (...) No filme de sucesso "A Marcha dos Pingüins", os pingüins imperadores foram retratados como pais de conto de fadas, amando cada ovo gerado e sofrendo com cada um que rachava antes do tempo. Entre os pingüins reais, menos famosos, a mãe coloca dois ovos em cada temporada. O segundo é 60% maior que o primeiro. Logo antes de ser colocado, a mãe joga o primeiro ovo para fora do ninho sem culpa. Nos pingüins de Magellan, a mãe também coloca dois ovos e permite que os dois sejam chocados; somente então ela começa a discriminar. Dos peixes que traz ao ninho, dá 90% ao filhote maior, enquanto o menor grita por comida. No frio impiedoso da Antártica, o pássaro mal nutrido invariavelmente morre. Como os pingüins, muitas espécies que habitualmente se desfazem de parte de sua progênie vivem em ambientes duros ou incertos, nos quais animais imaturos morrem facilmente e vale a pena ter um sobressalente. Ao mesmo tempo, a dureza e a incerteza tornam virtualmente impossível para a mãe criar vários filhotes. Então, se o primeiro sobrevive, o sobressalente precisa ir. Algumas vezes, a mãe faz o trabalho sujo ela mesma; freqüentemente, deixa seu preferido despachar o substituto. Quando Douglas W. Mock, da Universidade de Oklahoma, começou a estudar garças no Texas, há três décadas, ele sabia que os filhotes maiores em uma ninhada bicariam os menores até a morte. Mesmo assim, Mock ficou chocado com o que viu -ou não conseguiu ver. Ele tinha imaginado que os ataques assassinos certamente ocorreriam enquanto a mãe e o pai estivessem pescando. "Eu imaginei que, se os pais estivessem por perto, eles tentariam impedir essas coisas", disse ele. "Eu tenho três irmãos mais velhos e nunca teria sobrevivido se meus pais não intercedessem." Em vez disso, Mock testemunhou uma indiferença parental extrema. A mãe ou pai ficavam por perto, ao lado do ninho, sem fazer nada enquanto um filhote surrava o irmão. "O pai bocejava ou se coçava e parecia completamente indiferente", disse Mock, autor de "More Than Kin and Less Than Kind: The Evolution of Family Conflict" (mais do que parentes e menos do que gentis: a evolução do conflito familiar). "Nos 3.000 ataques que testemunhei, nunca vi um pai tentar impedir. É como se esperassem que isso acontecesse.(...) - tradução de Deborah Weinberg para UOL"

(Fonte: Natalie Angier in “One Thing They Aren't: Maternal” in The New York Times, 9/5/2006)

mãe, mother, mére, madre, mama

Mãe: 1. (s.f) Mulher ou qualquer fêmea que deu à luz um ou mais filhos. 2. Pessoa muito boa, dedicada, desvelada. 3. (Fig). Fonte, origem, berço
Um menino perguntou à sua mãe enquanto olhava para o céu: "Mamãe, Deus está lá em cima?"
Quando ela garantiu que sim, ele fez outra pergunta: "Será que ele não podia colocar a cabeça pra fora só um pouquinho? Só para nós vermos como ele é?"

Banca de Neve

- O que que a Lala é?
- Lala é pincesa, Lala é Banca de Neve
- E o que a mamãe é?
- Mamãe é Cindelela.
- E o que a Cacá é?
- Banca de Neve também.

Lobo mau

Santi: -Mamãe, qué descê!
Ele queria ir pra sala ver desenho.
- Quer descer filhinho? Então desce.vai devagar, de bundinha...A mamãe vai fazer xix primeiroi...
Daqui a pouco Santi aparece no banheiro, com cara de desconsolado
-Mamãe, vem....to com medo do lobo mau...
(agosto de 2006)

Papagaio

Adoro realmente o modo como funciona a mente de uma criança. elas choram, esperneiam, mas daqui a pouco está tudo bem. Eles podem ficar de castigo, mas não ficam com uma mágoa com vc para a vida toda. Eles te amam verdadeiramente. O que não significa que queiram brincar com voce todo o tempo ou queiram repetir as frases bonitinhas que voce pede quando voce quer. Eles têm os momentos deles e querendo ou não voc~e terá que respeitá-los. Lala e Santi ficaram de saco cheio da mamãe aqui sempre colocá-los no telefone para falar com todo mundo e ficar do lado deles pedindo para eles repetirem palavras engraçadinhas. Diz pro papai...vem papai!!, fala ou pra titia, fala que a lala é pincesa, conta que papou tudo. Que bom que eles ainda não aprenderam a falar palavrão, porque deve ser um saco isso que fico fazendo com eles. Agora quando eu falo, vem falar com a titia, papai até com o papa (e daí com razão) no telefone eles fogem. O santi também não gosta que eu cisme de agarrá-lo bem na hora do Barney. Tem razão. Eu nem atendo o telefone na hora da novela e quem me conhece sabe disso. Não atendo mesmo. É minha novelinha. E detesto que falem durante um filme. Detesto. Quero morrer. Principalmente se for na parte de chorar. Porque adoro chorar até desidratar em filmes. é meio que minha terapia. Daí se alguém olha para mim e fala: ai, ela tá chorando...ai, nem quero pensar. Bom, mas voltando ao centro da terra...criança é autêntica. Chora, reclama na hora, não deixa pra depois. Eu tento ser assim, mas é claro que nem sempre consigo. muitas vezes engulo seco. Muitas vezes fico remoendo alguma coisa que me incomoda. Muitas vezes me seguro pra nao pegar o telefone e falar demais. Mas admiro e invejo essa autenticidade. Procuro aprender com eles. Porque não quero morrer de "ursa" ou problema no "figo" por causa de bobagem. A vida tem pressa de ser vivida.
(2006)

Pincesa e pimpe

Lala esta manhã: "Mamãe tá linda".
"E o que a Lala é?"
"Pincesa!"
"E o Santi, o que é?"
"Pimpe!"
(julho de 2006)

Bronca

- Santiago olha para a mamãe...
Santi de olhos fechados.
-Santi, olha aqui...mamãe quer falar com vc.
Santi de olhos abertos, olhando para os lados.
-Santi, mamãe não quer que voce rabisque aqui e nem aqui viu? É só no papel. Não pode no sofá. Entendeu?
-Tendeu.
E eu me seguro para não rir.
(junho de 2006)

Melhor tê-los...

Isso é o que digo eu.
Um filho no ventre já é um presente
Mas três corações num corpo só
não pode haver para uma mãe
alegria maior
Dois piralampos a correr pela casa
Deus me deu quase tudo
Só me faltou asas
E mesmo assim não falta aviãozinho
Para levar os meus filhinhos
A voar acima de mim

Enquanto babam e riem
Ou quando choram e reclamam
Uma só verdade existe:
Eles são tudo para mim
E a mim é que eles amam.
(maio de 2005)

Descobertas

Ontem meus filhos Laura e Santiago tomaram o primeiro banho de chuva da vidinha deles...A alegria deles era tanta....eles batiam as mãos na poça d'água e gargalhavam..depois olhavam pra cima e levantavam as mãos para catar os pingos.É bom demais presenciar a desberta de novas sensações..fico feliz de poder presenciar isso....
(janeiro de 2006)

Evolução

Hoje fui ao pediatra levar Lala e Santi para avaliação trimestral. Daddy foi junto. As crianças estão ótimas e Lala se mantém acima da média das meninas da idade dela. Mas como a altura está maior que o peso a pediatra disse que está tudo normal. Lala está com 90 cm e 14,235kg e Santi está com 87cm e 13.230 kg. O tamanho de ambos está acima do que se espera para bebês de 1 ano e 7 meses. Lala tem peso e altura de uma criança de mais de 3 anos.Santi com peso e altura de mais de 2 anos. É realmente incrível pensar que Lala e Santi nas nasceram prematuros, de 8 meses. Se bem que foi um prematuro parecendo á termo. Laura com 47 cm e 2.700kg e Santi com 45 cm e 1,450kg. E segundo a médica serão mesmo muito altos os dois...É isso. De mais as recomendações: disciplina para o momento das refeições; não dar bobagens e manter a alimentação saudável; cuidado com acidentes domésticos. Lala e Santi, pela primeira vez, subiram a escada até o consultório, de mãos dadas comigo e com o pai, claro.
(junho de 2006)

Cuidado com a Cuca, que a Cuca te pega!

Acho que não é legal dizer para uma criança: "Faz isso ou o bicho papão vem te pegar!", "Come tudo, senão eu chamo o homem do saco", "A bruxa pega criança que é malcriada".Minha mãe gostava de perguntar se ela e meu pai se separassem com quem eu ficaria. Eu dizia que com ninguém. Detestava me sentir contra a parede. Eu tinha uns 5, 6 anos acho. E meus pais ficaram casados até os meus 30, por 31 anos. E eu nunca consegui saber com quem eu ficaria.Também acho ruim quando a mãe ou o pai colocam a criança de castigo "para pensar" no que fez. Nunca tinha refletido sobre isso, até que uma amiga de Madri me iluminou. "Dizer isso faz com que a criança associe o ato de pensar a castigo". Não, meu filho, pensar é bom. E castigo é outra coisa. Quando a gente põe a criança de castigo ela já sabe porque está lá. Ponto. A gente não é obrigado a passar uma eternidade refletindo sobre os erros. Aceita-se ou não, paga-se por ele e nada de dívida. Nada de ficar relembrando a criança de que ela fez algo errado.Péssimo também é a mãe, num ataque de histeria, dizer que vai embora, pois não aguenta mais. Uma vez, há muito tempo, era babá de quatro crianças diabinhas. E um dia, só vi quando a mãe doida perdeu as estribeiras, entrou no carro e saiu que nem louca. As crianças entraram em desespero, achando que nunca mais veriam a mãe. E eu morrendo de pena, sem saber o que fazer para consolá-los. Nesses casos recomendo: fluoxitina, chá de camomila, terapia. Mas nada de chantagens emocionais.Chantagem emocional também está em prometer o sorvete se comer tudo. Ir ao cinema se estudar direitinho, ganhar o carro se passar na faculdade. Admito que acho uma tentação enorme recorrer a esse expediente. Mas não acho certo.Enfim, pode ser que um dia em caia no pecado de fazer uma dessas coisas. Mãe não está acima dos demais mortais. E se eu falhar, o fantasma pode vir me puxar o pé no meio da noite, pois saberei que mereci.

Drops

Mamãe: Lala dá a mão para a mamãe te ajudar a descer do carro.
Lala: Tá bom.
Mamãe: Cuidado Lala, vem devagar apra não machucar.
Lala: To indo mãe. Fica tranquila.

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Pati: Santi, come mais um pouco do papa.
Santi: Não quero.
Pati: Só mais um pouquinho.
Santi: Não quero Pati. É sério.

----conjugação verbal:
Eu fizi ou eu fazei e voce fazeu

Coconot

Hora do banho. Lala e Santi adoram tomar banho, principalmente depois que passei a encher a banheira e falar "vamos nadar!!". Eles ficam excitadíssimos e parecem dois neminhos com os bracinhos e perninhas esticadas na banheira. De vez em quando arriscam colocar o rosto na água e já levantam rápido, tentando abrir os olhinhos.Ontem não foi diferente. Depois do jantar e de assistir o "Barney" chegou a hora do banho. "Vamos subir". Os dois vêm animados atrás de mim. "Nadá mamãe?" "É, vamos tomar banho e nadar".Coloco pouca água, obviamente, para não oferecer nenhum risco aos meus bambinos. Chuveiro ligado, banheira enchendo, patinhos boiando, fui colocar um CD, deixar os pijamas separados, as fraldas em cima da cama para agilizar meu trabalho. Quando volto, a cena grotesca.Lala e Santi nadavam em meio a merdas flutuantes. Demorei alguns segundos para me dar conta de que aqueles objetos escuros, sendo um deles bem comprido até, não era um brinquedo, um patinho, um frasco de xampu. Era um troço, acompanhando de vários trocinhos, que iam se desmanchando na água conforme meus porquinhos nadavam sem se dar conta de nada."Gente, quem fez cocô?""A Lala", disse minha filha honestamente, despreocupadamente, aliviada e feliz.O meu nojo com a cena era enorme. Me apressei em tirar os dois de dentro daquele "mini Tietê VIP com hidromassagem" e abri o ralo da banheira para escoar logo aquela água nojenta. Do lado de fora, eles arrepiadinhos, com sabão, olhavam para dentro da banheira. Eu, só de calcinha e sutiã, enfiava a mão na água para tirar as bostinhas maiores e a bosta-mãe. Tirava com a mão mesmo, era um caso de emergência, não tinha tempo a perder. Tirava e jogava rápido na privada. E os dois acompanhando a operação cata-cocô. "Cocô mamãe, é?" "É filho, cocô. Mamãe tá limpando a banheira". Depois de pegar os fragmentos maiores coloquei o chuveirinho para varrer os vestígios do que um dia foi a comida de Lala. Tinha um pedaço inteiro de cogumelo Paris do macarrão do almoço de domingo. Inteiro! A Lala é mesmo uma draguinha,pensei. Operação finita, decidi que o melhor era encerrar a festa com um banho rápido só de ducha. A vida nem sempre é um mar de rosas.

Corrupção de menor

Foi com grande tristeza que presenciei ontem uma cena chocante, envolvendo minha filha Laura, de 1 ano.Fomos à casa de uma amiga festejar sua formatura e eis que durante a comemoração na casa dela, Laurinha e Santi pularam de um colo pra outro. Em certo momento, quando Laura estava no colo de uma amiga e longe de mim, teve oportunidade de corrompida.Pela primeira vez, em 14 meses, Laura tomou uma das drogas mais viciantes do mundo moderno. A Coca-cola. Quando vi seu copinho de água com um líquido escuro gelei. Mas não disse nada, nem tentei apurar os culpados porque já era tarde. naquele instante, uma quantidade considerável da mistura gasosa estava em seu estomago.Esperava poder adiar esse momento. Toda mãe quer o melhor para os seus filhos. E até para provar Coca-cola é preciso estar num nível diferente de maturidade. Laurinha e Santi ainda não estão prontos para andarem de bicicleta, tomarem banhos sozinhos, investir no mercado acionário ou...tomar Cola-Cola. Havia nela ainda a pureza dos recém-nascidos. Agora ela integra o rol dos capitalistas, dos que amam junkie food, da geração televisão, dos obesos que povoam o mundo. Ainda por cima, era Coca light. Quer algo pior?Eu adoro Coca-Cola. Geladinha, num dia de calor, pra curar ressaca, pra fazer passar enjôo...always Coca-Cola. Mas a Laurinha podia ter sido poupada. Alguém podia ter me perguntado: " Ela pode beber Coca-Cola?". Mas não. Ela foi iniciada,na surdina, num segundo de distração minha. Temo em ver minha filha procurando drogas mais pesadas, como MCDonald´s. Será inevitável que um dia isso aconteça. Só espero que não seja logo. Porque tudo começa com uma inocente Coca-Cola para acabar numa visita ao endocrinologista. Parece exagero, parece bobeira...e é. Afinal de contas, eles comem comida com agrotóxico, sabem o gosto do açúcar branco, e já vidram os olhos quando ligo a televisão. No final de semana, os apresentei o brigadeiro de colher. Realmente não falta mais nada. Laura sabe o gosto da Coca-Cola. Tomara que não tenha gostado.
(janeiro de 2006)

Castigo

Castigo é uma palavra horrível. Detesto. Mas detesto mais ainda bater, gritar. Isso sim é mais que péssimo.Castigo significa punição, repreensão, mortificação, exemplo. Me apego ao último sinônimo para não me sentir tão mal. Daí vejo nesses programas de babás..supernanny e afins, que o negócio é mesmo colocar os furacõezinhos de castigo. Um minuto para cada ano da criança. Geralmente na escada ou algum lugar neutro. Nada de no quarto ou em algum lugar que tenha entretenimento. E segundo uma amiga, a Lola, da Espanha, nada de dizer: "Vou te colocar de castigo para você pensar sobre o que fez". Porque a criança não pode começar a vida associando pensar com algo ruim. Então você deve sentar a criança, se colocar na altura dela, olhar nos olhos e dizer o porquê do castigo.Andei testando o método. Ontem foi com o senhor Santiago, que tá birrento que só ele. Segundo o Tony, ele é "mau feitio" como o pai, o próprio. Ele e Lala estavam assistindo Barney quando eu desliguei a TV e disse que era hora de "papar". "Depois de papar vocês assistem mais Barney". Ele não gostou. Lala não demorou dois segundos para se sentar e colocar a primeira colherada na boca. Santi disse que não queria."Santi vem comer"."Não"."Santi, vem papar e depois mamãe coloca o Barney"."Não"."Santi, senta aqui e vem papar".E ele passou a me ignorar por completo. Daí falei."Santi, ou você senta e vem comer ou vai de castigo".Imagina ter que dizer isso para um pingo de gente. Ele não obedeceu, claro. Peguei-o então pela mão, levei até a escada e o coloquei no segundo degrau. Disse que estava lá porque desobedeceu a mamãe e não quis papar. Ele ensaiou sair de lá e voltei á carga."Daí voce não sai, Santi. Voce desobedeceu e vai ficar de castigo." Ele fez bico e ameaçou chorar. Fiquei séria (e essa parte é difícil porque tenho vontade de rir e agarrá-los aos beijos).Passados un 40 segundos acho perguntei: "Santi, quer papar?"E ele: "Qué"."Então chegou a hora de sair do castigo e papar".Ele veio para o meu colo feliz, sentou-se á mesa e comeu algumas colheradas. Vi que não estava com muita fome então não forcei a barra para não ter que aplicar mais nenhum castigo. Fiz de conta que tinha comido bastante. "Muito bem Santi, comeu tudo. Agora mamãe vai por o Barney". E ele ficou todo feliz e eu também. Torcendo para nunca mais ter que colocá-lo de castigo.
(2006)

No rrológico

Lala: Mamãe, depois vamos no rrológico?
Mamãe: Depois filhinha, agora tá de noite.
Santi: Agora não é o dia?
Mamãe: Não, agora é noite.

Dias depois...
Lala: Mamãe, a gente foi no rrológico!
Mamãe: Ai que legal e o que vocês viram?
Santi: A zilafa, o popótamo, o cicelonte e o tigle.
Mamãe: E como é que faz o tigre?
Santi: UARRRRRRRR!!
(julho 2007)

Cenas no shopping

Parte 1
Santiago corre de uma menina que quer agarrá-lo na Livraria Cultura. A menina, de uns 5 anos, vidrou nele. Ele tentava se livrar da menina, ia para o lado oposto, em vão. A garotinha chegou a dar um beijo no rosto dele. Ele chorou.

Parte 2
Páro para ver alguns livros e nem percebo quando Lala e Santi ceomçam a fuçar os livros da prateleira da livraria. Quando vejo, os dois estão com um livro na mão. O da Lala: "Como agradar uma mulher dentro e fora da cama". O do Santi (com o detalhe que o livro estava de cabeça para baixo e o nariz dele enfiado no livro): "Os segredos do orgasmo".

Parte 3
Entramos numa loja de brinquedos. Santi está andando despreocupado, olhando tudo, mexendo em tudo, quando uma menina, de uns 7 anos, se aproxima e sem pedir licença o agarra. Ele fica aflito, corre para minha direção e se esconde entre as minhas pernas. Fiquei sabendo que houve uma terceira, que quis beijá-lo, mas essa eu não vi.

Do avesso

Julieta foi me visitar. Não nos víamos desde o ano passado e ontem Julieta veio me visitar. Chegou linda, cabelão estilo Vanessa da Mata, elegante, magra, cheirosa. Deixa-me explicar: Julieta é minha amiga, leonina arretada, mexe com moda, uma hora mora em Recife, outra em Salvador, vez e outra volta para São Paulo e agora está no Rio de Janeiro. Daí toca a campainha e eu apareço com os cabelos desgrenhados, suada, blusa molhada, esbaforida... "Oi Ju, estou terminando de dar banho nas crianças, por favor não repare a bagunça!". Aproveitei enquanto ela brincava com Lala e Santi para tomar um banho e ficar mais apresentável, pois veja se aquele era jeito de receber uma visita! E assim que os dois dormiram fomos colocar o papo em dia. Calhou de ontem a Lala estar incomodada e acordar a toda hora. Cada vez que uma de nós estava contando uma novidade, corria eu subir para ninar a Lala. Toda hora. Durante o jantar também. No final, trouxe a Lala e a deixei dormindo no meu colo. Quando Julieta foi embora, fui colocar Lala de volta para o berço e vestir o pijama. Só aí notei que minha camiseta estava do avesso.
(maio/2006)

Dodói blues

Nada deixa o coração de uma mãe mais apertado do que um filho doente. Minha ajudante acabou de me ligar para dizer que a Lala vomitou bastante, que está com febre e toda molinha. Estou neste momento dentro da redação, aguardando para fazer uma entrevista ao vivo com o economista John Williamson, cuja biografia pouco me importa agora. Aliás, neste momento, nem me interessa se o distinto senhor foi o criador do Consenso de Washington, se o mundo vai entrar em recessão. Neste minuto o que quero saber é o que a Lala está sentindo, se está com dor, o que pode estar causando os vômitos. Tenho vontade de voar daqui até em casa, como Peter Pan. Tenho vontade de chorar também, de angústia e de dor dentro do peito. Nossos filhos não deviam adoecer enquanto não são capazes nem de dizer o que e onde dói. Eles só choram e nós sofremos junto. Não devíamos estar nunca longe dos filhos numa hora dessas. Na segunda-feira foi o Santi que teve febre, mas sem vômito, e acho que foi por causa do dente que estava crescendo, pois ele também estava irritado. Mas só me acalmei quando pude abraçá-lo, sentir o calor do seu corpinho, e ver que tudo está bem.
(...)
Há pouco voltei a falar com minha ajudante Zena e ela disse que a febre de Lala abaixou. E que não vomitou mais. Menos mal. Mesmo assim quero e preciso vê-la. Senão, isso que sinto aqui dentro não sara.

Superando obstáculos

Hoje pela manhã, após minha gloriosa decisão de entrar na academia e depois de também ter me lembrado que era aniversário de minha falecida mãe, liguei para minha madrinha, sua irmã, para dar bom dia. Estávamos no bate-papo quando ouvi um chamado ao longe "mãe". Deduzi que ou Lala ou Santi haviam acordado. O segundo chamado veio em seguida, mas já bem perto. Desliguei rápido o telefone e me deparei com o Santiago na escada. Ele desceu do berço sozinho e, contrariando os prognósticos, não se machucou. Estava todo blasé, olhando para mim com a maior naturalidade, como se já tivesse descido do berço umas 800 vezes. Agora é questão de dias para a Lala fazer o mesmo. Eu superei um obstáculo hoje, de vencer a preguiça, mas o troféu mesmo vai para Santiago Xavier Smith!! Meu chinoca lindo e charmoso!!

Ser ou não ser mãe...

Ser mãe: sempre fui a favor da maternidade, fã da maternidade, incentivadora da maternidade. Embora reconheça que existe outro direito, o de não ser mãe.

Não ser mãe: algumas amigas minhas já me disseram sem titubear que não querem ser mãe, que não sonham em ser mãe, que não nasceram para ser mãe. Por isso mesmo algumas fizeram uma opção que a mim não agrada, mas respeito e reconheço como um direito. O aborto.

Aborto: para mim é tirar a vida de alguém que estava pronto para vir ao mundo. Não creio que tivesse coragem, mas acho que a mulher deve ter esse poder de escolha. Ter o direito de fazê-lo na legalidade, com menos riscos à sua vida,e não clandestinamente. Porque a decisão em si é difícil e sofrida, ainda que a mulher não tenha o menor instinto maternal, ainda que a criança não seja minimamente desejada.

Por fim, fico feliz com minhas amigas que hoje são mães. Por aquela que fez aborto num momento difícil da vida, mas teve de presente outro filho, pouco tempo depois. Por aquela que não ligava para esse papo de criança e hoje se baba toda com sua cria. E por aquela que tentou tirar o bebê, mas ele resistiu forte, ela desistiu e assumiu que seria mãe. E hoje é. Mãe e, ao que parece, feliz, apesar de todas as dificuldades.

Dá trabalho?

Todo dia, há 1 ano e 6 meses é a mesma pergunta que escuto na rua:
"Nossa, deve dar um trabalho. Se um já dá, imagine dois!". E eu digo sempre a mesma fala:
"Sim, dá um pouquinho. Mas até que eles são bem tranquilos".
Não tenho receio de falar que Lala e Santi dão bem menos trabalho que muito filho único que conheço. Mas dão trabalho, claro. Com o passar dos meses, percebo que tenho mais tempo para respirar durante a maratona de ser mãe. Enquanto eles eram muito bebês, e eu tinha até que manter uma lista de horários de mamadas pra não deixar ninguém superalimentado e ninguém com fome, parecia que nunca mais na minha vida teria uma noite de sono. Eram várias acordadas durante a noite, xixi, cocô, dezenas de fraldas por dia, choro por fome, choro por sono, choro por cólica. E sempre um bebê no colo.Hoje durmo a noite toda tranquila. Doze horas até, se quiser. Lala e Santi vão para a cama às 8 da noite e só acordam por volta das 7 da manhã do dia seguinte. Nesses últimos dias têm esticado o relógio biológico para as 8. Eu durmo como uma rainha e acordo com eles me chamando baixinho "mamãe, mamãe". Olho para eles e sempre tem um sorriso. Esta manhã a primeira coisa que Santi fez quando me viu foi rir.Vou com os dois a restaurantes, parques, shoppings sem problema. Estamos também acostumados a fazer os três juntos a compra do supermercado. Eles dois ficam dentro do carrinho e puxam o que alcançam para dentro. Demora muito para começarem a ficar de mau humor. São adoráveis mesmo. Já começam a se distrair com brinquedos e entre eles, não dependendo exclusivamente da minha atenção. Embora a Lala adore me dar ordens com a mãozinha pra eu me sentar ao lado dela e brincar.Se fico cansada é porque enfrento trânsito, congestionamentos, trabalho, preocupações com a casa. Lala e Santi, sozinhos, não dão trabalho. Ou como costumo dizer :"Só um pouquinho".

(junho de 2006)