Não se trata de um protesto contra as drogas. Não vou falar aqui de cantores de rock ou Kate Moss. O tema já diz tudo: Anti-heroína. O que mais poderia ser do que um desabafo de uma mulher no pós-parto? Enquanto todos me chamam de heroína eu me sinto tudo, menos uma.Porque heroína é coragem, determinação e super poderes. Bom, eu tenho tudo isso sim e deixemos a modéstia de lado. Mas heroína que é heroína tem as unhas feitas, a maquiagem em dia, o cabelo arrumado, o uniforme de heroína na última moda e as raízes brancas sempre bem escondidas. E é aí que minha auto-estima fica refém do bandido.
Vamos aos fatos. Na gravidez a gente incha, estica, estica, estica até não poder mais. Depois desincha e murcha geral. O que sobra? Pele. O que falta? Uma ordenação decente do material, por dentro e por fora. Aos poucos tudo vai se ajeitando: útero, peitos, barriga, a cabeça, o tesão. Ou nem tudo ajeita e ficamos sem saber com a cabeça, barriga demais e tesão de menos. Ginástica ajuda, regime ajuda, terapia ajuda, marido ajuda (ou atrapalha mais), fluoxetina ajuda horrores. O duro é quando depois de um ano e muitas tentativas algumas coisas parecem que nunca mais vão entrar nos eixos. Muito casamento acaba logo no primeiro ano. O meu só não acabou porque não começou. Mas acho que realmente a maternidade é uma tarefa árdua. É o que eu mais sonhava na vida e é o que mais me faz feliz, mas não é fácil. Equilibrar ser mulher, ser fêmea atraente, ser mãe, ser amiga e estar em dia com a vida social...é ser heroína...e por muito tempo se sentir a mais anti-heroína de todas....
(2005)
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