quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Estórias de ninar

Depois de ferverem bastante chegou a hora de dormir. Lala e Santi estavam com carinha de sono, mas insistiam em pular, girar, fazer mil gracinhas, como que para tapear o sono. Mas hora de dormir é hora de dormir. Não concordo em ver crianças tão pequenas indo para a cama na hora que lhes apetece. Criança pequena acordada à meia-noite, assistindo TV é realmente impensável para mim, e olha que sou flexível com muita coisa na vida. Menos com isso. Criança tem que ter horário para dormir. O sono é importante para eles. E deu 8 da noite, é cama! Salvo se estamos de viagem ou é algum evento especial. Para toda regra há uma exceção. Não no domingo passado. Dei boa noite para os dois e como a Anne, a tia deles na escola, estava em casa no final de semana, deixei a tarefa para ela. Pedi para que os ajudasse a escovar os dentes e depois lesse uma estórinha para eles, para eles irem se habituando com o mundo dos livros. Subi com ela para ajudar a trocá-los, dei beijinhos de boa noite e desci. Ouvi quando ela começou a contar a primeira estória, baixinho. E nem um pio de Lala e Santi. Em dez minutos, a Anne estava descendo as escadas. Como assim? "Eles dormiram", me falou. Mas já? "É, eles ficaram deitados olhando pra mim enquanto eu contava a estória e dormiram". Que fantástico, que lindo! Eu mal podia me conter em saber que meus pequeninos ouviram um conto compenetrados e dormiram logo, talvez sonhando com a Branca de Neve.Segunda-feira. Ontem. Chegamos da escola, brincamos, assistimos Lazy Town e um programa sobre macacos no Animal Planet. O Santi repetia o tempo todo "caco", sempre que eu dizia "olha o macaco". Eles, certo momento, começaram a falar papai. E eu, como sempre, corri ligar para o papai Tony na esperança de que eles travassem a primeira conversa telefônica. Eles, para variar, ficaram mudos quando coloquei o fone no ouvido deles. Desliguei. Eles voltaram a falar papai. Brincamos mais um pouco e hora da cama. Deixei os dois de pijamas em seus respectivos berços e fui buscar as mamadeiras. E assim, com eles mamando, comecei a contar uma estória. Eles ficaram quietos, claro, porque estavam ocupados. Bastou terminarem as mamadeiras para o Santi começar a querer sair do berço e a Lala pedir para eu pegar a boneca. Concentração zero na minha estória. Pedi para ficarem quietos e comecei a contar outra estória, na esperança de que fosse mais emocionante. E o Santi "Té, té...", tentando sair do berço. A Lala ainda ficou quieta, me olhando, mas como o Santi não parava de resmugar, logo começou a chamá-lo: "nenê, nenê", esticando a mãozinha na direção do irmão. Resolvi então apagar a luz e contar a história no escuro. Escolhi logo uma fácil. "Era uma vez uma menina muito linda chamada Branca de Neve...shhh, quieto Santi.....um dia a Branca de neve estava passeando na floresta quando encontrou o lobo. Aonde você vai Branca de Neve? Vou levar doces para a vovó, disse a....Santi deita!!Mamãe estã contando uma estória!Daí me dou conta. A Branca de neve nunca encontrou com nenhum lobo. Como ninguém notou meu erro, continuei, dessa vez com voz mais baixa para ver se dava sono neles. Aí a Chapeuzinho Vermelho bateu na porta da casa da vovó (resolvi encurtar o trajeto até a casa da avó para tornar a estória mais interessante). E a vovó perguntou....Lala e Santi, assim não dá. Mamãe não vai mais contar estória. Querem música? E os dois: "té", acenando com as cabeças também.Liguei o som, na canção de ninar e eles dormiram rapidinho. E eu também, me sentindo uma incompetente contadora de estórias.. Tudo isso para dizer também que mais uma vez senti ciúmes da baby-sitter.
(2006)

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