quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meus filhotes em NY


Museu de História Natural - maio de 2010

Porque voltei (ao blog)

Pois é, fazia tempo que sabia que devia voltar a escrever. Devia porque acho muita pena me dedicar tantos anos a um blog e depois abandoná-lo, deixá-lo órfão. O que me incentivou foi minha amiga querida Célia Froufe dizer que tinha feito um blog, um blog para o sobrinho-afilhado que está prestes a nascer dela. Minha surpresa foi tanta que pensei: se a Célia, que nunca imaginei que faria um blog pra bebê e trabalha que nem uma camela em Brasília, arrumou tempo para um blog tenho que tomar vergonha e retomar o meu. Até porque ela me cita no primeiro post. 'É, Lu, mas faz cinco meses que voce nao escreve!", veio ela me chamando na chincha(ou xinxa?). Daí vi que tinha que retomar. No mínimo pra nao comer poeira, pq o blog dela tá bem legal, ela mostra realmente como está entusiasmada com o afilhado Matheo, e se inveja é uma m..., como ela mesmo disse, eu fiquei mordida depois que vi um blog tao caprichado (precisam ver o design, super profissa feito pelo maridao). Então é isso, espero que seja uma volta, volta, não como essas matriculas que faço na Academia e nunca vou. E Célia, vou colocar seu blog aqui, pode?

Brasil - Nova York 2

Lala e Santi chegaram em Nova York em março, trazidos pelo papai Tony, um mes exatamente após eu ter chegado aqui com a Alice. Fazia muito frio, mas não nevava mais. Tinhamos alugado um apartamento no Harlem, que estava completamente vazio quando eles chegaram. Tinha apenas uns copos, pratos, um colchai inflavel e dois sleeping bags. Eles correram de um lado para o outro do apartamento, escolheram o quarto que queriam e não tardou até que a vizinha de baixo, Luz, viesse tocar a campainha, se apresentar e dizer que o barulho estava demais. Isso no primeiro dia. Quanta intolerância! Mas acabei indo com a cara da Luz e depois de mais algumas campainhadas e reclamações, viramos vizinhas cordiais. Nos primeiros dias Laura reclamou bastante e pedia para voltarmos para o Brasil.
- Porque a gente tinha que vir para cá mãe? Vamos voltar pro Brasil? Vamos para casa rosa?

Meu coração ficava em pedaços cada vez que ela dizia isso. Nos dias e semanas seguintes a casa foi ganhando móveis, uma cara e eles foram ficando mais animados. Ainda assim, falavam todo o tempo dos amigos do Brasil. Aqui, nenhum amigo. E não consegui colocá-los na escola. Só em setembro. Então de março até agora ficaram em casa. Agora no verão foram varias vezes passar o dia no "Summer camp", que é um curso de férias, nao necessariamente acampamento. Mesmo antes disso, estavam fazendo aulas de artes aos sábados, tinham a companhia de vez em quando da Eliana Márcia, que é a babysitter cantora que minha amiga Chris me recomendou e que é ótima, energia boa e eles a adoram!! Além disso tb sempre brincaram bem entre eles e isso ficou mais forte aqui. Às vezes dá para levá-los ao parque, mas quando não dá e eles ficam em casa, ficam de boa tb, pq aprenderam a se divertir mais ainda juntos.

Não é que não tenham as briguinhas. Eles tem várias vezes ao longo do dia. Geralmente a Lala irrita o Santi, que é um serzinho facilmente irritável e daí ele parte para cima. E ela chora. E ele fica de castigo. Ou então ele se nega a fazer algo que se pede ou reclama da comida e vai de castigo de novo. Mas isso atribuo mais à fase da idade do que a estar aqui. Mas pode ser um pouco de tudo.

Lala já perdeu tres dentinhos em NY, o que significam US$ 3, pois a fada do dente coloca US$ 1 por dente, que a Lala coloca em uma caixinha embaixo do travesseiro. O Santi nao perdeu nenhum dente até agora (a Lala uns 5) e isso tb irrita ele, pq ele quer que caiam logo.

Eles tambem melhoraram bastante no ingles, mesmo nao indo na escola, nao tenho amigos e falando portugues em casa. Eles treinavam nas aulas de arte, summer camp e com os filmes que assistem na TV e no cinema. Estao indo bem, entendem bastante e começam a se soltar para falar.

E hoje foram para Portugal com o pai, passar duas semanas de férias...

Brasil - New York City

Será que alguém consegue desconfiar porque faz tanto tempo que não escrevo? Não vou falar que é por falta de tempo, pq tempo a gente sempre arruma. Mas posso dizer que foi por cansaço e falta de inspiração. A cabeça desta mãe anda trabalha na potência máxima este ano (tipo um fusca ano 70 acelerado) e não consegue parar para ficar só contemplando e pensando numa das coisas mais fantásticas deste mundo para mim, que é ser mãe. Não deixei de ser mãe, nem coruja, mas deixei de ser a mãe blogueira porque realmente não anda rolando. Não ando escrevendo poesias, meu outro blog também está abandonado e durmo até lendo revista de fofoca, coisa que eu adoro. Ler estórias para Lala e Santi é certeza de que EU vou dormir. É sério. Eu durmo na metade. Eles já sabem. Hoje estava assistindo Elo Perdido com eles (sim, aquela série tosca dos anos 80, cujos DVDs eu comprei pq todo mundo tem um pouco de tosco) e enfim, dormi antes mesmo de os tres patetinhas da série (pai, filha e filho) conhecerem a Chaka (uma fugitiva do Planeta dos Macacos, tenho certeza). Ando cansada, cansadinha, cansadona, cansadérrima...
Mas Lala e Santi não dão trégua e são adoráveis todos os dias, dizem coisas interessantes o tempo todo, me surpreendem a todo momento.

Ora, mas porque tanto cansaço? Para quem ficou com dois bebês durante anos praticamente sozinha no dia-a-dia (o pai morando em outro país, eu solteira e a familia em outra cidade), agora qualquer coisa deveria ser melzinho na chupeta. Eu achei pelo menos. Mas não é bem assim.

Em algum ponto da minha missão Luciana-mãe, eu descobri que precisava namorar. Daí virei Luciana-mãe-namorada. No momento seguinte, as crianças sabendo andar, falar, e eu dando conta de namorar, eu resolvi voltar a olhar para minha profissão. Porque tirando mãe, já tinha sido todo o resto sozinha: Luciana-viajante, namorada, jornalista, só não tinha sido tanta coisa junta ao mesmo tempo. É bastante informação e eu não fui fabricada pela Apple ou Microsoft. Sou produção caseira do senhor Rubao e dona Marlene, com recursos limitados. Então, quando voce quer turbinar um carro modelo mais antigo tem que investir pesado.

Foram alguns anos até eu pensar: agora preciso traçar minha estratégia profissional. Como adoro fazer lista de metas e de sonhos, fiz uma profissional e daí segui um caminho não tão longo, mas dedicado. Porque não é só traçar meta profissional. É ver como ficará a Luciana-mãe-namorada-filha na história, até pra conseguir dar mais passos adiante.

Isso envolveu um trabalho intensivo de terapia, tratamentos corporais, constelação familiar, mapa numerologico, remédio antidepressivo pra acalmar a TPM (mas vamos lá, nunca é só TPM), e um punch no meu modus operandi no trabalho.

Deu certo. Teve uma seleção para correspondente e eu, 10 anos de casa, mãe de gemeos, 39 anos, tres anos com a mesma mulher, fui escolhida. Me senti o azarão, a Republica dos Camaroes vencendo a Copa do Mundo. Tá, tinha gente que falava que eu tinha chances e eu mesma achava, senao nao tinha entrado nessa, mas vamos e venhamos que não é o perfil mais comum dos correspondentes. Novos tempos. E sempre acho que podem ser ainda mais novos.

Fui escolhida e daí em diante não houve trégua para esta cabeça. Foi um sequencia, às vezes, diária, de ondas gigantescas. Nenhum tsunâme, graças a Deus. E aprendi com tudo isso que sei surfar. Tomei uns caldos, mas agora to me saindo bem nessas essas ondas.

Lala e Santi também estão se saindo super bem. E é sobre eles que vou falar a partir de agora...