segunda-feira, 23 de março de 2009

Manual da mãe

Quando pari meus filhos, num domingo ensolarado de novembro, primeiro veio Lala, três minutos depois veio o Santi e até agora estou esperando o manual deles, que nunca veio. Deve ter extraviado.
Não tive mãe, sogra, tia, por perto para me darem conselhos e ajudarem nas primeiras mamadas, os primeiros banhos. Tive no parto a mão calorosa da minha cunhada Juliana me dando conforto e acalmando o terrível mal estar que senti com a anestesia. Foi ela que tirou a primeira foto deles. Foi ela que viu quando o Santiago demorou para chorar e foi atrás da enfermeira como um cão farejador para ter certeza de que tudo estava bem. O papai Tony, pobrezinho, queria ver o parto, mas Lala e Santi tinham pressa, não quiseram esperar ele chegar de Portugal, onde morava na época.
Nos cinco primeiros dias de Lala e Santi éramos nós dois, marinheiros de primeira viagem, a tentar desvendar o mistério da maternidade e da paternidade. Ele caçava "bisontes" já que ainda parecia muito desajeitado para segurar os bebês e eu mãe-galinha demais para delegar algumas tarefas. Foram cinco dias nos quais eu acordava a cada 1 hora para dar de mamar. Dava de mamar para um, trocava, punha no berço. Pegava o outro, dava de mamar, punha no berço. Pedia ao pai para segurar um enquanto eu cuidava do outro. E a impressão que tinha era que eles eram pequeninos demais para os braços grandes do pai, que iam cair. Mas não caíram e o pai foi aprendendo também outras tarefas mais duras, como trocar fraldas de cocô. "Ai, eu não gosto nada disso", dizia. Como se mãe nascesse com o talento especial de lidar com cocôs, vomitos e todas as escatologias que rodeiam o mundo do bebê.
Por vários meses tinha olheiras que me faziam parecer um guaxinim. Era um cansaço só. O que me consolava e me consola é saber que o cansaço é pra todas as mães e a falta de um manual, um defeito que nunca será reparado.
Então, já nos primeiros dias surgiu o primeiro dilema, o da chupeta. Depois de conversas e livros consultados, o veredicto sobre dar ou não dar a chupeta: Dar.
Depois veio o questionamento sobre colocá-los para dormir sozinhos. Sozinhos ou no colinho da mamãe? Sozinhos. E por aí foi...claro que não sem algum sofrimento de minha parte. Morri de chorar na primeira vez que os deixei chorando no berço, resolvi que nao ia pegar no colo. Chorei muito, me senti uma megera e os peguei no colo pedindo perdão, dramática que sou. Eles tinham 3 meses e eu obviamente estava num descontrole hormonal de fazer dó. Depois vi que não era questão se ser má, era questão de deixar com que descobrissem também o tempinho deles, que não é só chorar pra automoticamente tem o colo.
Aprendi, desde cedo, que era preciso colocar limites e que nem sempre fazemos a coisa certa, mas que não é possível criá-los dentro de nossas inseguranças e carências. É preciso criá-los para serem seres independentes e para o mundo. Com amor e com limites. E hoje tenho a vantagem de ter papai Tony por perto, morando no Brasil, e Alice ao meu lado na missão faraônica que é criar um filho ou quantos sejam.
A gente tenta sempre o melhor, claro. Eis que ainda assim, quando os levei à pediatra nova, ela torceu o nariz duas vezes. Quando disse quando largaram a chupeta e a mamadeira.
Pois então, cada criança tem seu ritmo e acho importante respeitá-lo. O processo de largar chupeta, fralda e mamadeira para eles foi completamente indolor. Eles nao olharam para trás e isso me faz achar que está tudo ok. Quase tudo foi mais ou menos ao mesmo tempo para eles. E mesmo sem manual, as coisas podem dar muito certo.

começaram a andar: 1 ano e 2 meses
começaram a falar: mais ou menos 1 ano e meio
largaram a fralda diurna: 2 anos e 1 mes
largaram a chupeta: 3 anos e 4 meses
largaram a fralda nortuna: 3 anos e 7 meses
largaram a mamadeira: 3 anos e 8 meses

Um comentário:

  1. Amor, vc é uma mulher linda, uma mãe admirável e guerreira.
    Nunca, mais nunca ache que excesso de amor possa prejudicar seus filhos. Se eu tivesse o poder de voltar o tempo, eu daria um jeito de ficar com vcs mais tempo na primeira semana de vida dos meus bebes. Amo -te e amo meus afilhados.
    Bjs
    Ju Koku

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